... porque o homem é essencialmente um produtor e um consumidor de imagens... porque a cultura depende dessas mesmas imagens... e porque essas imagens são o resultado de complexos sistemas culturais...
a teia semiótica.
Por uma antropologia da comunicação visual...
Em 1991, após um dia de viagem pelas pistas do Atlas marroquino, chego aos arredores de Asni. De noite, não me apercebo onde se situava a aldeia. O acampamento é montado. Durante a hora do jantar surgem os primeiros habitantes da aldeia. Traziam consigo diversos artefactos, artesanato e estavam dispostos a conseguir algum dinheiro em troca dos seus produtos.
Os homens encarregaram-se do negócio, as mulheres apenas cantaram. Um longo processo ritmado pelo tam-tam e pelos cantares femininos.
No meio daqueles berberes, uma rapariga prende-me a atenção. O seu olhar cativou-me de um modo particular. Decido fotografá-la. Durante cerca de uma hora, talvez mais, negociámos a tomada da primeira fotografia. A comunicação verbal era praticamente impossível… Finalmente, deixou-se fotografar. Uma única fotografia... chamei-lhe A Rapariga de Asni.
O projecto MIT Open Courses, desenvolvido pelo MIT Massachusetts Institute of Technology, coloca online um número elevado de materiais utilizados em cursos do MIT (notas de leitura, listas bibliográficas, textos em formato pdf, ficheiros áudio e vídeo).
Tive o primeiro contacto com o nomadismo em finais dos anos 80, no norte de África, algures no deserto do Sara, entre a fronteira de Marrocos com a Argélia. Desde então, não mais parei de me interessar por um modo de vida com características tão próprias e dinâmicas sociais e culturais tão complexas. Ainda hoje transporto comigo, aquilo que considero ser uma espécie de talismã, uma cruz Tuaregue.
Mas foi em Portugal que desenvolvi a maior parte da minha investigação ligada a esta temática. Os homens com quem tive a honra de trabalhar, e com os quais partilhei práticas, refeições, noites, simples conversas e conhecimento, merecem da minha parte uma enorme e sincera admiração e daí, uma profunda homenagem.
Entre 1880 e 1970 cerca de 100.000 crianças mestiças aborígenes são retiradas à força dos territórios em que viviam com os seus pais e conduzidas para instituições de acolhimento, missões religiosas e casas particulares para aí serem educadas de acordo com os princípios culturais da raça branca europeia.
O projecto do estado australiano previa, numa tentativa de construção da nação australiana, o gradual desaparecimento da cultura e modo de vida aborígene (a população autóctone existente há mais de 40.000 anos), através do cruzamento de sangue branco com aborígene, dando origem a populações mestiças que voltariam a cruzar-se com sangue branco, processo que se repetia até à limpeza completa da raça. As crianças mestiças levadas à força, passaram a ser conhecidas como, Stolen Generations.
"Rabbit Proof Fence" realizado por Phillip Noyce, em 2002, baseia-se na história verídica publicada em livro pela aborígene Doris Pilkington Garimara, e narra a fuga e a respectiva viagem de regresso a casa de três crianças mestiças, desde Moore River Native Settlement, local para onde tinham sido conduzidas à força, até Jigalong, a sua terra natal, percorrendo nessa viagem de fuga cerca de 2.400 km a pé.
Um dos momentos de maior tensão dramática, corresponde ao momento em que o oficial ao serviço do governo australiano retira à força as três crianças mestiças de Jigalong. A inteligência, a persistência, uma enorme força de vontade, um constante acreditar nos valores culturais aborígenes (a ave de rapina é altamente simbólica) encontram-se presentes ao longo de toda a narrativa, motivando toda a viagem de regresso.
A 13 de Fevereiro de 2008, o Primeiro-Ministro australiano apresenta um pedido de desculpas público às Stolen Generations. Imagens que marcam...
Em 1954 é lançada pela Marlboro a campanha publicitária "Marlboro Man", destinada a promover junto da população masculina os cigarros com filtro, até então considerados femininos.
A utilização, a uma escala mundial, da imagem masculina "Marlboro Man" durou até 1999. A imagem do cowboy, homem de carácter duro, em constante comunhão com a natureza, tendo como companhia o seu cigarro, permanecerá para sempre no nosso imaginário... ainda que nalguns casos, como mero mito de masculinidade. Imagens que marcam...